1° de Maio na Bahia antes do feriado

Quinze anos antes do presidente Arthur Bernardes decretar a data de 1° de maio como feriado Nacional, em 1925, e sete anos antes do aludido gatilho brasileiro, a greve de 1917 em São Paulo e, digamos, o comício anarquista de 1919, na Praça Mauá, na Bahia, e provavelmente em outros estados, os “trabalhadores” já comemoravam o 1° de Maio. A data já era uma referência em vários países do mundo, na maioria com o objetivo de realçar a opressão do patronato sobre os operários e por tanto ocasião para protestos. Em outros, a oportunidade de festejar, colocar o trabalhador por um dia do ano, num patamar de destaque e é claro que daí para instituir um feriado, foi apenas consequência.

Na Bahia, na década de 1910, as comemorações ocorriam em ambientes fechados, reunindo autoridades, políticos, militares, o chefe da polícia e representantes de entidades do operariado. A data era chamada de Dia do Trabalho e não Dia do Trabalhador que a partir da década de 1930 passou a ser a referência. O evento fechado ocorria quase sempre no Lyceu de Artes e Ofícios, na Rua do Saldanha, nas proximidades da Praça da Sé. A municipalidade enfeitava o Terreiro de Jesus com bandeirolas, e era lá que ocorria a Alvorada como nas Festas Populares.

No Salão Nobre do Lyceu revezavam-se oradores, poetas, entusiasmados vates tecendo loas e babilaques ao trabalhador, endeusado na sua condição de operário. Exaltando suas virtudes. O Dr. Guilherme Conceição Foeppel, ilustre professor da Faculdade de Direito, costumava ser o orador oficial, nessa celebração. Uma banda do Regimento da Polícia Militar tocava dentro do recinto e, do lado de fora, com a supervisão de Alvaro Cova, chefe de Polícia, bandas musicais se apresentavam no Coreto do Terreiro de Jesus até as 22 horas, quando tinha inicio uma passeata pelo entorno.

Essa passeata, com saída do Terreiro de Jesus, continuou a acontecer, mesmo quando as solenidades do Lyceu passaram a ser realizadas no Politeama, nas imediações do Forte de São Pedro e o Círculo Operário, o principal homenageado. A passeata continuou a ser noturna, puxada por duas bandas de música.  No Politeama, foram introduzidos outros itens de programação. Em 1915, por exemplo, a representação teatral da peça “A Greve dos Operários”, pelo grupo dramático de J. Vianna. Outras representações teatrais, do gênero comedia, eram realizadas no Círculo Operário, onde o farmacêutico Otavio dos Santos Muniz se incumbia do papel de orador oficial. As solenidades que incluíam um Torneio literário, com prosa e poesias recitadas pelas crianças, se encerravam com a interpretação do Hino Patriótico do Trabalho. Vai saber que hino era esse.

Na década de 1920, a iniciativa dos festejos passou a ser da Federação dos Trabalhadores Baianos, com sede no Largo de São Francisco. Reunia outras entidades como a Sociedade União Geral dos Tecelões, Sindicato dos Produtores de Marcenaria e Sociedade União Defensora dos Operários de Ferrovia. Seguia-se uma passeata, onde oradores devidamente inscritos, pronunciavam seus discursos, no tempo estipulado pela Federação de dez minutos que quase ninguém respeitava.  Naqueles idos, antes mesmo de Arthur Bernardes instituir o feriado, o comércio baiano não funcionava no 1° de maio.

As bandas que acompanhavam o préstito interpretavam o Hino dos Trabalhadores – A Internacional (criação do francês Eugène Pottier, musicado por Pierre De Geyter e, no Brasil, adaptado a partir da versão portuguesa de Neno Vasco) – e, também, o hino Filhos do Povo.

FONTE: https://www.correio24horas.com.br/

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