- Para presidente da Contracs, mobilização da categoria aponta para prejuízos das medidas adotadas por golpistas
Escrito por: Alci Matos – Presidente da Contracs
A greve dos caminhoneiros que chega ao oitavo dia é um resultado da incompetência do governo ilegítimo de Michel Temer para lidar com situações de crise e revela o tamanho do estrago que as medidas implementadas pelos golpistas trouxe a curto e trará a médio e longo prazo.
A política de preços dos combustíveis adotada em julho por Temer, pelo ministro Henrique Meirelles e pelo presidente da Petrobrás, Pedro Parente, resultou em aumentos abusivos dos preços e do óleo diesel, que impactam no gás de cozinha, na gasolina e, consequentemente, no custo do transporte e preço dos produtos.
Desde então, o petróleo no Brasil passou a acompanhar cotações do barril e do dólar e, aliado ao aumento das importações por conta da decisão de fazer com que as refinarias trabalhem abaixo da capacidade normal, causou alegria aos acionistas internacionais e um rombo no bolso dos brasileiros e brasileiras.
A situação é absurda para um país que extrai mais petróleo do que utiliza e que possui uma reserva de petróleo de 23,63 bilhões de barris. Por conta de um modelo suicida, o botijão de gás aumentou, só em 2017, 70% e a gasolina 57%.
A resposta ao movimento grevista não atende à maioria da classe trabalhadora e o resultado disso são mobilizações de outras categorias como agora os companheiros petroleiros que sabem, a redução do óleo diesel e medidas pontuais para o transporte não resolvem a situação precária de quem teve direitos arrancados.
Não adianta tirar centavos da gasolina, se uma emenda constitucional (EC 95/2016) congela investimentos governamentais por 20 anos e pode levar hospitais, escolas e serviços de segurança e transporte públicos ao colapso.
O cenário que levou à greve dos caminhoneiros é apenas a ponta de um grande iceberg esculpido por Temer e que pode levar o país à bancarrota.
Se hoje falta consumidor porque os produtos estão escassos nas prateleiras após a paralisação dos caminhoneiros, amanhã faltará porque não haverá quem compre sem o salário que a reforma trabalhista e o trabalho intermitente, aquele em que o trabalhador recebe por hora, levaram embora.
A terceirização sem limites também ajudará a achatar os vencimentos do trabalhador, que pouco tempo terá para lazer, já que viverá de vários bicos com o fim da carteira assinada. E na outra ponta estarão os sindicatos e a justiça trabalhistas lutando contra medidas que buscam sufocar a organização sindical e impedir que acionem o Poder Judiciário para tentar resolver falcatruas patronais.
Para muito além da justa redução do preço dos combustíveis que impactam na mesa de todos os brasileiros e pioram ainda mais a condição dos caminhoneiros, o momento é de defender uma pauta ampla contra a retirada de direitos de toda a classe trabalhadora.
A Contracs convoca suas bases na defesa do direito à greve, da democracia e alerta para a necessidade de combater qualquer ideia de resolução de problemas que não seja a negociação. Não podemos cair na armadilha de acreditar que a solução para a crise está em salvadores da pátria, muito menos em regimes totalitários de triste memória recente no Brasil que sufocaram a luta da classe trabalhadora.
A única saída é a mobilização e unidade dos trabalhadores e trabalhadoras em suas organizações sindicais para frear a retirada de direitos que Temer e os aliados do segmento empresarial impuseram ao país.
Alci Matos Araújo
Presidente da Contracs-CUT (Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços)
Fonte: www.contracs.org.br
Foto: Divulgação(Google)