Resultado veio dentro do esperado pelo mercado para o ano e cumpriu com folga a meta central do governo, que era de 4,5%. IPCA de dezembro foi de 0,15%, menor taxa para o mês desde 1994.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, fechou 2018 em 3,75%, abaixo do centro da meta fixada pelo governo, que era de 4,5%. Em 2017, o índice ficou em 2,95%.
O resultado, divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está dentro do esperado pelo mercado e cumpriu com folga a meta de inflação perseguida pelo Banco Central, ficando dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema (entre 3% e 6%).
Analistas previam uma inflação de 3,69%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
Plano de saúde, energia e gasolina foram os vilões
Segundo o IBGE, a inflação de 2018 foi pressionada principalmente pelos preços dos produtos e serviços de habitação, transportes e alimentos. Juntos, estes três grupos responderam por 66% do IPCA do ano.
Individualmente, o preço do plano de saúde foi o item com maior impacto na inflação do ano, segundo o IBGE. Com alta acumulada de 11,17%, os planos de saúde responderam por 0,44 ponto percentual (p.p.) do índice geral de 2018, de acordo com o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.
Na sequência, os outros dois itens com maior impacto individual no indicador foram a energia elétrica, com alta de 8,7% e impacto de 0,31 p.p. no índice, e a gasolina, que aumentou 7,24% nos 12 meses impactando em 0,31 p.p. o IPCA acumulado do ano.
O óleo diesel fechou o ano acumulando alta de 6,61%, enquanto o etanol teve queda de 0,40%.
Outros destaques de alta no ano foram passagem aérea (16,92%), ônibus urbano (6,32%), eletrodomésticos (6,28%) e cursos regulares (5,68%).
Em alimentos, as altas que mais pesaram no índice geral foram as do tomate (71,76%), frutas (14,10%) e refeição fora (2,38%).
Veja abaixo a inflação acumulada em 2018 por grupos pesquisados e o impacto de cada um no índice geral:
- Alimentação e Bebidas: 4,04% (0,99 ponto percentual)
- Habitação: 4,72% (0,74 p.p.)
- Artigos de Residência: 3,74% (0,15 p.p.)
- Vestuário: 0,61% (0,04)
- Transportes: 4,19% (0,76 p.p.)
- Saúde e Cuidados Pessoais: 3,95% (0,48 p.p.)
- Despesas Pessoais: 2,98% (0,33 p.p.)
- Educação: 5,32% (0,26 p.p.)
- Comunicação: -0,09% (0 p.p.)
Inflação em dezembro
O IPCA de dezembro foi de 0,15%, a menor variação para um mês de dezembro desde o início do Plano Real, em 1994. Em novembro, o país registrou deflação de 0,21%, a menor taxa para o mês desde 1994.
Em outubro, o índice acumulado em 12 meses chegou a 4,56%, mas desacelerou nos dois últimos meses do ano, favorecido pela queda do preço da gasolina e recuo do dólar.
“Ao longo do ano, foram deixadas para trás todas as quedas na alimentação registradas ao longo de 2017. Alguns itens, como o tomate, subiram mais de 70% no ano. Considerando que a retomada do emprego se dá pela informalidade, isso traz uma preocupação para as famílias na hora de consumidor, priorizando itens essenciais como alimentação”, afirmou o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.
Ele destacou que outra forte influência em 2018, não registrada no ano anterior, foi a energia elétrica. “Em 2018, ela ficou sob bandeira tarifária vermelha dois durante cinco meses”, destacou.
Segundo o gerente da pesquisa, a inflação poderia ter sido mais baixa em 2018 se não fosse a greve dos caminhoneiros.
“A greve teve efeito pontual em junho [alta de 1,26%. A alta daquele mês foi sendo devolvida ao longo dos próximos meses. De toda forma, ela [a inflação acumulada] seria menor”, disse.